No último capítulo, talvez tenha sido um anestesiante perigosíssimo que pôs fim ao sonho final de Michael Jackson. Na rusga que a Polícia efectuou à mansão que habitava, nas últimas 24 horas foram levados para análise laboratorial pelo menos dois sacos plásticos negros com embalagens várias contendo todo um sortido fármaco.
Mas foram igualmente captadas imagens de agentes da autoridade confiscando dois outros sacos, desta vez verdes, usados nos hospitais americanos para depósito exclusivo de material tóxico. Como é o caso das seringas e ampolas.
Outra indicação perturbante: junto da cama havia sido encontrada uma embalagem de lidocaína. Qualquer Miss Marple seria capaz de concluir que a lidocaína tinha sido aplicada para alívio de uma qualquer dor - por exemplo, a dor de uma picada de agulha que tentava encontrar um vaso sanguíneo magrinho. Na injecção intravenosa de propofol a dor é sempre imensa na área cutânea espetada pela seringa.
E já que estamos a falar de anestesiantes: não foi Michael Jackson quem, um dia, pediu com demasiada insistência a uma enfermeira nutricionista que o acompanhava, Cherilyn Lee (na foto, ao lado esquerdo), que lhe receitasse Diprivan, por causa das insónias terríveis? A agência noticiosa Associated Press traz conversa com a senhora e o ambiente retratado é abissal.
Lee diz que, nos últimos dias de vida, Jackson gritava com dores e queixava-se de que metade do corpo estava a ferver e a outra metade um gelo. Queria Diprivan, disse ela. O nutricionista Lou Ferrigno, que auxiliava o cantor numa fase de ensaios extenuantes, disse que Jackson queria manter-se saudável mas que tinha uma enorme necessidade de dormir. Como se ansiasse ser deixado, finalmente, em paz.
O propofol é uma substância delicada. Dos estagiários hospitalares que se tornaram dependentes, 40% morreram de overdose. Há casos de médicos que passaram a pescar embalagens nos caixotes do lixo da secção de cirurgia só para poderem aproveitar as últimas gotas. Um bocadinho coloca uma pessoa a dormir, mas um nadinha mais provoca facilmente uma paragem total do relógio coronário.
É usado na veterinária, nas salas de operação, e nunca, mas nunca, está disponível ao público. Controladíssima, é uma substância capaz de parar o coração se for tomada em excesso. Branca, brilhante, parece-se com leite.
Os anestesistas gostam de brincar com o poder daquela fusão química. Referem-se ao propofol com a expressão Milk of Amnesia. A evasão corpórea é total, como todos aqueles que já foram operados sabem. Não se trata de apenas estancar a dor, seja ela física ou existencial. A remissão para uma vida paralela é instantânea. O cérebro não fica apenas adormecido. Fica suspenso e vai viver outra vida melhor.
Curiosamente, num estudo publicado recentemente sobre o uso daquela substância entre a classe anestesista, os números apontaram numa direcção interessante. A maioria dos dependentes, sobretudo no escalão feminino, tinha sofrido traumas quando criança, por vezes violações, por vezes outros maus tratos físicos de natureza sexual. Para estes, o propofol vinha mesmo a calhar: tal como quando usado legalmente para anestesiar um paciente na sala de operações, o indivíduo necessitado injectava-se e ficava imediatamente inconsciente. Durante uns momentos era livre de flutuar para alem daquele corpo.
Omar S. Manejwala, médico que dirige o William J. Farley Center na Virgínia, um centro de recuperação e reabilitação que dá atenção especial aos casos de abuso de substâncias entre o pessoal médico, disse: "Um dos traços comuns das desordens psicológicas resultantes de um grande trauma é a hiperactividade maníaca. Há um esforço contínuo para bloquear mentalmente o que se passou".
De cura para as insónias, o fármaco evolui para cura de tudo o resto. Facilmente se torna indispensável. Manejwala reiterou a ligação entre um facto e outro. "Nunca vi uma ligação tão forte entre um medicamento e a possível incidência de trauma, sobretudo trauma de índole sexual. É realmente espantoso".
De acordo com a lei americana, um médico pode ser acusado de homicídio não premeditado se o cliente falecer devido a excesso medicamentoso.
Mas foram igualmente captadas imagens de agentes da autoridade confiscando dois outros sacos, desta vez verdes, usados nos hospitais americanos para depósito exclusivo de material tóxico. Como é o caso das seringas e ampolas.
Outra indicação perturbante: junto da cama havia sido encontrada uma embalagem de lidocaína. Qualquer Miss Marple seria capaz de concluir que a lidocaína tinha sido aplicada para alívio de uma qualquer dor - por exemplo, a dor de uma picada de agulha que tentava encontrar um vaso sanguíneo magrinho. Na injecção intravenosa de propofol a dor é sempre imensa na área cutânea espetada pela seringa.
E já que estamos a falar de anestesiantes: não foi Michael Jackson quem, um dia, pediu com demasiada insistência a uma enfermeira nutricionista que o acompanhava, Cherilyn Lee (na foto, ao lado esquerdo), que lhe receitasse Diprivan, por causa das insónias terríveis? A agência noticiosa Associated Press traz conversa com a senhora e o ambiente retratado é abissal.
Lee diz que, nos últimos dias de vida, Jackson gritava com dores e queixava-se de que metade do corpo estava a ferver e a outra metade um gelo. Queria Diprivan, disse ela. O nutricionista Lou Ferrigno, que auxiliava o cantor numa fase de ensaios extenuantes, disse que Jackson queria manter-se saudável mas que tinha uma enorme necessidade de dormir. Como se ansiasse ser deixado, finalmente, em paz.
O propofol é uma substância delicada. Dos estagiários hospitalares que se tornaram dependentes, 40% morreram de overdose. Há casos de médicos que passaram a pescar embalagens nos caixotes do lixo da secção de cirurgia só para poderem aproveitar as últimas gotas. Um bocadinho coloca uma pessoa a dormir, mas um nadinha mais provoca facilmente uma paragem total do relógio coronário.
É usado na veterinária, nas salas de operação, e nunca, mas nunca, está disponível ao público. Controladíssima, é uma substância capaz de parar o coração se for tomada em excesso. Branca, brilhante, parece-se com leite.
Os anestesistas gostam de brincar com o poder daquela fusão química. Referem-se ao propofol com a expressão Milk of Amnesia. A evasão corpórea é total, como todos aqueles que já foram operados sabem. Não se trata de apenas estancar a dor, seja ela física ou existencial. A remissão para uma vida paralela é instantânea. O cérebro não fica apenas adormecido. Fica suspenso e vai viver outra vida melhor.
Curiosamente, num estudo publicado recentemente sobre o uso daquela substância entre a classe anestesista, os números apontaram numa direcção interessante. A maioria dos dependentes, sobretudo no escalão feminino, tinha sofrido traumas quando criança, por vezes violações, por vezes outros maus tratos físicos de natureza sexual. Para estes, o propofol vinha mesmo a calhar: tal como quando usado legalmente para anestesiar um paciente na sala de operações, o indivíduo necessitado injectava-se e ficava imediatamente inconsciente. Durante uns momentos era livre de flutuar para alem daquele corpo.
Omar S. Manejwala, médico que dirige o William J. Farley Center na Virgínia, um centro de recuperação e reabilitação que dá atenção especial aos casos de abuso de substâncias entre o pessoal médico, disse: "Um dos traços comuns das desordens psicológicas resultantes de um grande trauma é a hiperactividade maníaca. Há um esforço contínuo para bloquear mentalmente o que se passou".
De cura para as insónias, o fármaco evolui para cura de tudo o resto. Facilmente se torna indispensável. Manejwala reiterou a ligação entre um facto e outro. "Nunca vi uma ligação tão forte entre um medicamento e a possível incidência de trauma, sobretudo trauma de índole sexual. É realmente espantoso".
De acordo com a lei americana, um médico pode ser acusado de homicídio não premeditado se o cliente falecer devido a excesso medicamentoso.
Uma luva, um chapéu e uns óculos, sobre um banco colocado num palco (na foto, ao lado direito), representam a figura de Michael Jackson durante um tributo ao artista realizado ontem no Apollo, conhecida sala de espectáculos no bairro de Harlem, em Nova Iorque.
1 comentário:
Michael, I love you.
You are my life.
Now, I´m alone and i´ll be stay with you.
I´m going inject propofol now.
Mike, my life.
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