quinta-feira, 2 de abril de 2009

«Matrix» faz 10 anos como ícone do cinema de ficção

Além de ganhar quatro Óscares, arrecadar mais de 460 milhões de dólares nas bilheteiras e ter aberto as portas ao cinema do futuro, «Matrix» representou a simbiEssas, peças do quebra-cabeças, que remetiam umas às outras, criando uma narrativa comum, levavam a história até terrenos não explorados na trilogia, o que fez com que o acolhimento aos dois últimos filmes não fosse tão calorosa, já que traziam alguns detalhes desconhecidos do grande público.

Quem explica isso é Henry Jenkins, fundador do programa de Estudos Culturais dos Meios do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT), no livro «Cultura da Convergência».

«Muitos críticos arrasaram as sequelas porque não eram suficientemente lógicas em si mesmas e beiravam a incoerência», acrescentou.
Entre espectáculo audiovisual e filosofia tornou-se todo um fenómeno da ficção científica cuja estreia completa dez anos esta semana.
Desde a imagem cibernética do início, cujas letras e números verdes e desordenados se tornaram, depois, um clássico para o ambiente de trabalho para milhares de computadores, até o seu emocionante e romântico final, «Matrix» é puro cinema do século XXI, apesar de ter estreado em 1999.

No filme, Thomas Anderson (Keanu Reeves), conhecido como Neo, descobre, graças a Morpheus (Laurence Fishburne), um dos mais procurados pelas autoridades na época em que se passa a produção, que o mundo no qual vive é uma ilusão gerada por um computador, colocada diante dos seus olhos «para esconder a verdade».

Essa «verdade», no filme, é que os seres humanos são escravos das máquinas, que, em determinado momento da história, se rebelaram. Como explica a longa-metragem: «Existem campos intermináveis onde os humanos não nascem. São cultivados».

Enquanto isso, a população vive numa realidade virtual, a mesma que distrai as mentes humanas, enquanto os corpos são usados como fonte de energia para manter as máquinas a funcionar.

Aí começa a missão, repleta de simbolismo cristão, de Neo - anagrama de «One» («Um»), o escolhido -, que deve liderar a luta pela liberdade da humanidade, a partir da cidade de Zion, com a ajuda de Trinity (Carrie-Anne Moss).

Um dos destaques do filme é a técnica «bullet time photography», uma grande desaceleração feita com a ajuda de computadores e que regista até 12 mil quadros por segundo, usada em cenas como a que Neo consegue desviar-se dos tiros de um dos agentes que o perseguem.

A meio caminho entre um relato futurista de Philip K. Dick e o cinema de artes marciais de Hong Kong, o resultado final da obra dos irmãos Wachowski iniciou o debate sobre a convergência cultural, entendida como uma participação muito mais global nas suas manifestações. Em torno da franquia (depois de «Matrix» vieram «Matrix Reloaded» e «Matrix Revolutions», ambos de 2003), foi criado todo um império baseado em BD, sites, desenhos animados e videojogos, que eram partes fundamentais para compreender todo o universo da saga.

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