terça-feira, 2 de junho de 2009

Xutos & Pontapés: música polémica só passou uma vez na rádio

Chama-se "Sem Eira Nem Beira" e é o tema mais falado do novo disco dos Xutos & Pontapés, graças ao destinatário - "senhor engenheiro" - de uma letra contestatária.

Mas, segundo noticia deste fim-de-semana no Expresso, citando dados da editora Universal, a canção não tem passado nas rádios portuguesas .

Apesar de popular na internet, onde serve de banda sonora a vários vídeos de fabrico caseiro, e também nalguns serviços noticiosos televisivos, "Sem Eira Nem Beira" passou uma única vez numa rádio nacional, mais concretamente na Antena 3.

Em comparação, diz o estudo encomendado pela Universal, o primeiro single, "Quem é Quem", passou mais de uma centena de vezes nas rádios, ao passo que "Perfeito Vazio", o mais recente single, tem tido grande exposição.

Entrevistado pelo Expresso, Zé Pedro reconhece que a ausência de "Sem Eira Nem Beira" das playlists das rádios portuguesas "parece um complô contra o tema, ou uma espécie de exclusão por poder ferir susceptibilidades. Parece-me que a música podia ter sido aproveitada como notícia e transformar-se num hype de rádio", considera o guitarrista.

É ao vivo que os Xutos & Pontapés mais sentem a adesão do público ao tema - "Sentimo-nos compensados, portanto", garante Zé Pedro.

Ouvidos pelo Expresso, os directores das maiores rádios nacionais dão razões de diferente ordem para não passarem a canção: António Mendes, da RFM, lembra que o "boom" do tema chegou a meio do lançamento de "Perfeito Vazio" e que a canção é "um fenómeno político e não um fenómeno popular"; Nelson Cunha, da Mega FM, diz que esta rádio "não está vocacionada para questões políticas, nem quer fazer disso bandeira".

Por seu turno, José Mariño, da Antena 3 - a única rádio a passar "Sem Eira Nem Beira" - desvenda a razão da passagem "solitária".
"Não fazia sentido sermos a única rádio a tocar o tema. Fazê-lo isoladamente podia não ter bons resultados para nós, ainda por cima quando o tema ainda nem tem suporte vídeo. Mas isso não significa que a canção esteja proscrita e que não venha a ser tocada num futuro próximo. Há três eleições a caminho e o tema é quente", afirma.

A UrbanaFM não liga ao facto da letra poder ter interpretações políticas e por isso mesmo está com o tema na sua playlist diária, refere Pedro Cordeiro, responsável pela mesma na UrbanaFM acrescentando que "as músicas existem são para se ouvir. Nós temos um público alvo, um target, e se a música se enquadra no mesmo não temos problema algum em coloca-la em rodagem, mesmo que alguém venha dizer que a música tem conotações políticas ou reaccionárias".



Recorde-se que, no passado fim-de-semana, o vocalista Tim revelou, em entrevista ao jornal i, o que lhe passou pela cabeça quando escreveu a letra da canção, cantada pelo baterista Kalu.

"Tinha consciência de que ao escrever aquilo daquela maneira ia pelo menos deitar uma peça do dominó abaixo. E depois logo ia ver quantas é que caíam. Às vezes é preciso que estas coisas aconteçam", disse.

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