Na UrbanaFM, somos frequentemente confrontados, pelo mais atentos, sobre o motivo pelo qual as rádios nacionais têm anúncios com mais qualidade do que aqueles que habitualmente se ouvem nas rádios de cobertura local.
Pois bem, é altura, caros “bloggers”, de se desvendar esse grandioso mistério universal !
Não sei se sabem mas toda a publicidade, dita de qualidade, difundida pelas rádios nacionais, em 99% dos casos não é da responsabilidade dessas grandes emissoras.
Esses anúncios – humorísticos, sérios, com grandes vozes, etc – começam algumas semanas antes de chegarem aos ouvintes, habitualmente com um briefing ou reunião, se preferirem, onde a
empresa que pretende promover um produto ou serviço, entrega a uma agência de publicidade um estudo de marketing, mais ou menos complexo, onde é definido o público alvo (target), avaliação da concorrência, avaliação do mercado, etc.
É nessa altura que se inicia o chamado processo criativo, onde um grupo de pessoas, se reune à volta desse grande desafio, que é: criar notoriedade ao produto ou serviço.
Há muitas formas e estilos que alimentam essa máquina “maluca” da criação. Muitos defendem que se trata de um dom natural, outros fazem processos de “copy analise” nada mais nada menos que ouvirem muitos anuncios de outros clientes e agências para se inspirarem... em qualquer dos casos, trata-se de um processo que tem tanto de genial como de custoso.
Inicia-se depois a fase de produção do anúncio em si. Escolhem-se vozes num mercado terrivelmente concorrencial, através de castings (escolha através de uma gravação simulada do anuncio), decide-se qual a música a usar, os efeitos sonoros, etc e entra-se no estúdio de gravação, onde habitualmente se perde uma manhã (3 - 4 horas) a gravar, misturar e masterizar o anúncio.
Segue-se a entrega do mesmo anúncio, depois de aprovado pelo departamento de marketing do cliente, às agencias de meios, responsáveis por fazer chegar aos meios (rádio, tv, jornal) o dito anúncio, dentro do plano de marketing estabelecido pelo cliente. Dito de uma forma simples, se o produto se dirige a um público jovem, há que colocá-lo numa rádio que se dirige a esse público.
É então que o anúncio chega ao nossos ouvidos...
Imaginem agora submeter um cliente local a um processo destes !
Exigir a uma rádio local, como a UrbanaFM, que desenvolva o estudo de marketing, (que deveria ser fornecido pelo cliente) um conceito criativo para um anúncio (trabalho de uma agência) e que ainda realize a produção com qualidade a custo zero, parece-nos inconcebível...
Quando se apresenta a factura para pagar um hamburger aos envolvidos em todo este processo, surge o vendedor de bacalhau, vulgo cliente, dizendo que investir em rádio não passa de um desperdício em forma de esmola para pagar aos miseráveis que por lá andam a "por umas músicas" e que o filho dele é que sabe da "poda", pois até anda na universidade e faz uns anúncios "munta giros" no computador lá de casa, enquanto jantam ao som do telejornal da TVI.
Em última instância, a rádio é que tem culpa do negócio do bacalhau estar com os dias contados ...
Concluindo: O mistério da publicidade não passa de ignorância.
Ricardo Jorge
(Direcção de Antena)
A versão portuguesa do Windows 7 chega hoje às lojas, nove dias depois do lançamento mundial daquele que é o mais recente sistema operativo da Microsoft, mas já é pirateado em países como a China e Brasil.
